Acordei com barulho de obra… Pensei: “Por que meu pai tá batendo esse martelo a essa hora?”. Não, não… Não era o meu pai. Acordada, é claro que é o vizinho. E já tinha passado do meio-dia. Não sei o dia do mês, nem da semana. Férias é meu nome.
Na verdade acho que hoje é segunda, porque minha mãe ontem foi à igreja. Ou será que foi anteontem?
O dia está nublado. Gosto de um cafezinho em dias nublados. A facilidade de ter uma cafeteira que prepara sua bebida com a simplicidade de usar apenas uma cápsula, é maravilhosa. Sim, sei que ultimamente ando com um discurso sustentável…mas, desculpa, planeta, fazer café dá trabalho. E não sei fazer.
Meu criado-mudo está acumulando livros. Em minha defesa, estou com a leitura em dia. Em março do ano passado me desafiei a ler pelo menos um livro por mês, e consegui encerrar o ano com exatamente 23 livros lidos. É pouco para um “verdadeiro” leitor, mas para mim foi uma grande vitória, até porque, só leio antes de dormir.
Queria ter o mesmo sucesso com alguma meta para escrita, mas… Dizem que remedinhos comprometem bastante nossa criatividade. Acredito que essa seja uma boa explicação. Melhor acreditar que algo bloqueia minha criatividade do que aceitar que não tenho mais. Acho.
Vida social, não tenho muita. Fico mais sociável durante o período letivo. Sei que esses diazinhos nublados serão devorados por dias de sol do verão, que me obrigarão a sair de casa, mas…por esses dias, tô de boa em casa com minhas séries e livros, sem saber como que o mundo tá funcionando. Marina já se vira sozinha para um monte de coisa, e isso já representa praticamente 90% de sucesso com o compromisso com o “fazer nada”.
Problemas? Tenho alguns, mas já tive piores. Se estou num período bom? Acho que sim. Durmo bem, choro pouco e raiva mesmo só sinto quando leio notícias. Sorrio bastante. Mas, o sorriso faz parte da minha natureza.
Dinheiro? Tenho não, senhor.
Vida amorosa? Não sei te explicar. A única boa notícia que posso dar sobre isso é que estou sem paciência para fazer merda o tempo todo. Meu dedo é podre, e, finalmente (quem sabe?) estou cansada. Aliás, não contem pra minha mãe que eu disse “podre”, mas não tenho como mudar uma expressão popular, com o mesmo sentimento, usando outras palavras. As pessoas dizem que eu tenho que sair mais, conhecer novas pessoas. Me deixe. Eu que tenho que mudar. Mas isso é papo meu com minha autoestima.
São 21:02. Estou por aqui desde mais ou menos o barulho da obra. Agora só escuto a chuva. A TV não está ligada. Super inédito isso. A voz de Marina está longe…. ela fala, com entusiasmo, com alguma amiga ao telefone. Lavei a xícara de café. Marina decidiu que quer usar o computador. Eu disse que precisava acabar um texto. Quando vou comprar outro computador? Bem que estamos precisando. Não que usemos muito, mas, estou aqui há um tempão fazendo vários nadas e ela parece ter alguma urgência urgentíssima para tratar.
Chegou mais um livro hoje. Pela hora, já estou com vontade de ler. Beijo pra você que tá lendo aqui. Volto depois.
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Dia seguinte:
Parece que o assunto urgente urgentíssimo de Marina era tão urgente que se resolveu sozinho. Pois é, saí dos meus vários nadas à toa. Não voltei, porque… bem, quando deito é muito difícil saber qual o tipo de catástrofe ambiental me faria levantar antes do meio-dia do dia seguinte.
Sim, hoje teve barulhinho de obra. Não achei que era meu pai… Já sabia que era o vizinho. Uma pena que era o vizinho.
Tive um sonho esquisitíssimo. Não lembro detalhes, mas, além de ler, acho que ando assistindo a muitas séries. Ou será que sou criativa dormindo? Mas, sou supersticiosa… fiquei encucada. Meu pai achava meus sonhos bem enigmáticos e preocupantes.
Depois trago mais notícias do além mar?
Aliás, tô lendo um livro belíssimo do Valter Hugo Mãe: “A Desumanização”. A menina e sua irmã gêmea (recente falecida) jogavam garrafas ao mar, com seus pedidos. Sonhavam com um herói. Depois de tanto sofrimento, a menina achou que errou em colocar apenas papel nas garrafas. Deveriam ter colocado sementes, para que árvores crescessem no mar. Assim o herói acharia seus pedidos nas árvores, que o alcançariam.
Achei boa ideia.
Volto depois.
PS: sei que hoje é terça.