Estive pensando num texto que falasse sobre recomeço. No entanto, quantas vezes fiz textos sobre recomeços? Acho que o tempo todo. A vida e essa mania de toda hora me dar uma rasteira… E eu, que evito me fazer de vítima, sempre tentei olhar pra cima, usando palavras de incentivo e otimismo, com a certeza de que aquela era só mais uma história dentre tantas outras.
Meus recomeços são atípicos. Não procuro os amigos pra me divertir, não caio na noite, não procuro academias e nem posto nada prazinimigas verem que tô ótima (outh!). Acho uma boa ideia… Revigorar a alegria. Mas, no máximo mudo o cabelo. E me reservo aos meus pensamentos, filmes e livros. Às vezes recorro a alguém para conversar. Às vezes para lamentar, às vezes para dividir ou só para distrair.
Nem sempre fui assim. Olhando pra trás, vejo uma imensa colcha de retalhos. Vários tecidos de diferentes cores. Diferentes linhas. Retalhos velhos e novos. Vários cortes de cabelo. Várias festas. Vários amigos. Vários livros. Várias fotos. Várias casas. Várias dietas. Vários amores. Várias formas de me consertar, ficar bonita e confortável.
A minha última historia de amor foi algo que a principio eu achava divertido. Depois eu virei uma pessoa triste, depressiva, doente. Virei alguém que eu não conhecia: descontrolada, passando por cima de mim, do meu orgulho, dos meus princípios e ética. Com minha colcha brega aprendi que quando tomamos uma decisão, temos que pagar o preço dela. Se era um relacionamento que eu havia escolhido, eu evitava falar sobre os problemas que ele me trazia. Não adianta reclamar de um relacionamento que você decide ficar. Não adianta colocar a culpa no outro. Não adianta gostar de alguém que te faz mal e ser feliz ao mesmo tempo.Eu sabia. Mas, ficava com aquela esperança triste e silenciosa de que talvez eu pudesse ser feliz de novo com aquela pessoa que eu tanto gostava.
Essa história de amor acabou e eu precisei de muitos retalhos. Atrevo-me a dizer que essas costuras faço até hoje… Muitos eus foram desfeitos, assim como outros foram criados.
Lembrando de tantos retalhos ao longo da minha vida, hoje queria escrever um texto que fizesse com que eu me convencesse, que realmente a vida todos os dias nos dá oportunidade de recomeçar. Ou seria de se reinventar?
Atualmente existe um pedaço de mim… A vida andou me ensinando muitas coisas enquanto eu não prestava atenção. A gente tem por hábito depois juntar tudo, costurar e virar quem a gente é. Funciona assim. A vida. Mas, a morte… ela ensina o quê? E eu estou prestando atenção desta vez. É um retalho que não se costura. É um pedaço de mim que não sei o fazer com ele. Não se joga fora, não se esquece, não se queima, não se apaga. Eu acho que a gente dobra, coloca no bolso e carrega para sempre.
Recomeçar. Renascer. Reinventar. A gente vira artista sem querer. A gente faz arte todo dia, e ninguém sabe. Nem a gente.
Eu fico tao feliz quando passo por aqui e vejo que tem texto novo. sou fã dos seus textos desdeee “muleeumbichoburromermo” e me identifico com tudo que voce pensa e escreve. Nunca havia comentado em um de seus textos, mas essa semana eu me senti na obrigacao de lhe agradecer. Sempre, a muitos anos, quando passo por aquelas fases em que os dias sao dificieis e tudo da errado na nossa vida, e/ou quando sofro por mais um amor que me machucou demais eu venho! venho e saio daqui linda, leve e solta. leio os seus textos dias seguidos como forma de remedio e sempre funciona. Voce nos faz perceber que existe humor mesmo quando estamos la no fundo da poço. E nos faz lembrar que vai passar, que o tempo e nosso amigo. Obrigada mesmo! Obrigada por tudo! Espero ainda por muitos anos, passar por aqui e poder dar pulinhos de alegria por saber que voce nao desistiu e ainda continua a escrever. Grande beijo, de mais uma leitora (15)
Que LINDO, Cris! Muito, muito obrigada! Muito. Muito obrigada. <3
Que nossas habilidades em costurar esses retalhos aumente cada dia. Força!