Aquele (que era) tudo-a-ver-com-você

Ele era assim tudo a ver comigo. Tínhamos uma amiga em comum, que vivia me dizendo que eu tiiiiiiiiiiiiiinha que conhecê-lo. Fui lá. No começo não acreditei muito… Fisicamente ele não era o meu tipo. Simpático até, mas meu tipo, definitivamente, não. Trocamos e-mails, tels, MSN…assim despretenciosamente. Ele passou a me encaminhar uns e-mails bem bacanas sobre filmes e me perguntou se não seria legal assistirmos juntos e depois dar uma volta pra bater papo. Bem, e por que não?

No dia marcado lá estava ele: cheiroso e pontual. Não sei vocês, mas eu acho isso LINDO. Não sabia que perfume era aquele, mas nunca, NA VIDA, tinha sentido um cheiro tão gostoso.

E a noite realmente foi óóótema. Nada de olhar 43. Nada de piadinhas sexuais, nem cantadas baratas. Ele sabia conversar sobre tudo que eu achava interessante, curtia as mesmas coisas que eu e quase sempre divídiamos a mesma opinião. Não demorou muito e eu já estava toda interessadinha. Comecei a torcer para que ele também estivesse tão atraído por mim quanto eu estava por ele. Nossa, como ele era inteligente, charmoso, bem-humorado… Ele não me dava muitas pistas, e isso me deixava cada vez mais interessada… estaria sendo eu apenas uma boa companhia? Fazia um elogio ou outro, mas nada muito animador para o meu repentino interesse. Porém, quando achei que ele só estava curtindo o bom papo, ele senta mais próximo a mim. Conversa vai, conversa vem, um vinho aqui, outro ali, começou a fazer perguntas mais pessoais, e se eu gostaria de sair com ele de novo. Faciiiinha, jogando ao vento palavras, olhares, sorrisos e pernas, eu disse que sim, claro. A noite foi perfeita, o beijo foi perfeito e eu não estava com a menor vontade de ir embora. Mas, como vocês já sabem, fui, né? Eu estava morrendo de medo de causar uma má impressão.

Saímos outras vezes, e cheguei a conhecer sua família e amigos. Eu não sabia o que a gente tinha, porque os encontros, apesar de periódicos, eram incertos, ou seja, alguns finais de semana ele simplesmente não aparecia. E além disso, me apresentava apenas pelo nome.

Eu ficava sempre à disposição, né? Ele me ligava e eu estava pronta. Qualquer dia, qualquer horário, para qualquer lugar. Um dia ele me chamou pra ir ao cinema com seus pais… Achei sensacional, tipo a-coisa-tá-ficando-séria. Na saída, enquanto ele foi buscar o carro, sua mãe me puxou para uma conversa: disse que estava feliz pelas coisas estarem dando certo entre nós, que seu filho parecia realmente interessado em mim, mas (atenção) que eu tivesse um pouco de paciência, pois ele havia acabado um noivado há pouco tempo e estava meio traumatizado com compromissos. Aí, amigans, babou, né? Tentou me dar umas dicas, que ele não gostava disso ou daquilo, que era meio assim, meio assado, enfim. Nem deu para eu tentar seguir às dicas da minha pseudo-sogrinha, porque ele continuou na mesma: aparecia e sumia. Chamou-me para uma viagem, que achei que seria tudo, mas foi numa fase da minha vida que eu não podia simplesmente largar tudo e ir.

Aos poucos, infelizmente, foi se afastando até sumir de vez. Até o reencontrei sem querer outras vezes, saímos, foi legal como sempre, eu ficava cheia de esperanças como sempre, noites ótimas, química perfeita, mas…não deu em nada. Até o chamei algumas vezes para conhecer a minha família (já que eu conhecia a sua), mas ele sempre arrumava uma boa desculpa. Ainda não estava na hora.

Alguns meses depois reencontrei sua mãe na rua: disse que seu filho havia conhecido uma menina, e que não entendia o que ele tinha visto nela, porque ela era TUDO isso e aquilo, assim e assado, que ele sempre detestou nas mulheres. Eu fiquei arrasaaaaada. Como assim, amigans? Comassim quando era comigo ele não estava preparado para compromisso e com a outra lá ele logo assumiu??!! Comaaaaasssssiimmmmm?? Eu, amigaaaannnsss! EU que tinha tudo a ver com ele!

Já tive amores maiores, mas nunca ninguém havia sido tão perfeito.

Não acho que tenha que ser igual para ser perfeito. Ele tinha suas particularidades e tínhamos nossas diferenças, mas é muito mais fácil e prazeroso gostar de alguém que curta o mesmo que a gente. Delícia quando os dois preferem comida italiana, por exemplo, porque daqui a três meses ninguém vai querer fazer mais nada que não gosta só para agradar o outro. Se no começo era fácil decidir entre um restaurante japonês e o italiano, daqui a algum tempo isso vai ser um problema digno de várias DRs.

Uma pena que não tenha dado certo. Sério mesmo. Ele nem fazia o estilo cafa que enrola várias ou que as deixa em standy by. Ele simplesmente não se apaixonou por mim. O que me leva a crer que dentre tantos pontos em comum não tínhamos justamente o principal: os mesmos critérios para se apaixonar por alguém… ou na melhor (ou pior) das hipóteses, que a gente consegue realmente dominar o mundo (né, Cérebro?), menos o coração da gente.

(Abafa, mas sabe que agora até fiquei com saudades?!)

4 comentários

  1. Natasha disse:

    Antes de começar a namorar o meu namorado, achava que ele não tinha naaada a ver comigo. Para mim, era aventureiro demais, chiclete demais, dentre outros contras. Mesmo assim topei o namoro. Gostava de conversar com ele, me sentia atraída fisicamente, então, por que não tentar? Aos poucos fui vendo que o “aventureiro” às vezes se comporta como um senhor de 70 anos e que o tal chicletinho me deixa looouca de saudades se ficar 2 dias sem vir me ver. Ao conhecê-lo melhor, acabei me apaixonando mesmo, e hoje não me arrependo nem um segundo de ter dado uma chance a esse relacionamento.

    Sendo assim, penso que não faz mal dar chances por aí, distribuir simpatia (hehe). Mesmo para aqueles que, aparentemente, não tem nada a ver conosco. Às vezes, a sintonia pode surgir do nada, quando e onde menos imaginamos…

  2. O Daniel, que o que eu senti a maior afinidade, a gente tinha praticamente tudo em comum e conversar com ele o maximo.

  3. Natália disse:

    É, Dani. Isso acontece taaanto. Seria o ideal, mas quase sempre se formam uns casais estranhos que a gente nem consegue entender como, nem por quê.
    Ele era tããão perfeito, não é mesmo?!

  4. Dora Delano disse:

    Quando li sua história, tive uma sensação do lado de cá da história, Eu conheci dois rapazes maravilhosos esse ano, bem humorados, bons de papo, pessoas de bem e sabe-lá-pq-Deus eu não me apaixonei, nem me interessei…

    Fui me apaixonar por outro, nada a ver comigo e que me magoou bastante.

    Coração e seus critérios…

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