Esnobe? Eu?

Moro aqui na rua há mais de 20 anos. A casa da minha mãe fica do lado direito, e a minha (há mais ou menos 1 ano), do esquerdo. Dia desses entrei na rua e fui para minha casa pela calçada esquerda, e de repente me dei conta que estava num lugar completamente desconhecido. Que sensação esquisita… Há mais de 20 anos entro na mesma rua e nunca tinha me dado conta que EXISTIA uma calçada esquerda. Olhei para as casas…reparei que algumas tinham garagens, outras umas árvores bonitas… Que interessante.

A verdade é que não tenho o MENOR interesse pela vida das pessoas. Se em algum lugar está escrito “não abra”, eu não abro, e na maioria das vezes nem fico curiosa. Não é para abrir, então não é. Sabe aquela pessoa que não olha o mundo a sua volta? Literalmente. Essa sou eu. O mundo tá cheio de gente! É muita gente para olhar! E eu simplesmente, com todo meu coração (e respeito), não me interesso por elas. Isso não tem nada a ver com amor ao próximo, insensibilidade e tudo mais. Tem a ver com: não olho para você, a vida é sua…fique à vontade. E você pode, por favor, fazer o mesmo por mim?

Esse meu jeitinho doce me rende antipatia gratuita. As pessoas não gostam de mim, mas, acredito, nem sabem o porquê. Ou inventam os porquês, para justificar aquele sentimento inusitado. Se alguém me diz “Oi, sou sua vizinha! Moro naquela casa amarela!”. Morro de vergonha, porque aquela pessoa se sente rejeitada, ignorada, porque não sei quem ela é. O que ela nunca vai entender é que eu nem imaginava que na minha rua existia uma casa amarela. Entende?

Nunca fui boa com fofoca. Que inferno. Pior que às vezes a fofoca é sensacional, altos barracos, e eu não faço ideia de quem estão falando. Oi, eu sou Danielle, vivo no planeta Terra, mas eu sei de mim, da minha família, dos meus amigos e o resto do mundo acompanho pelo G1. Não sei o nome daquele colega que não trabalha no mesmo turno que eu, e nem das meninas da secretaria, até porque tenho vergonha de perguntar o nome delas a essa altura do campeonato. Hoje conheço alguns vizinhos, geralmente pais e mães de crianças, porque desde que engravidei passei a prestar atenção em crianças a minha volta. Consequentemente passei a ter afeto por todos eles.

Veja bem, se não sei quem você é não é porque minha superioridade inexorável não permite. Se não sei quem você é, é porque eu não tenho nada a ver com isso. Porque você tem liberdade de ser qualquer coisa. Não vou olhar para dentro da sua casa para ver o que você tem, o que você veste, que carro comprou. O problema é que você QUER que eu olhe, não quer?

Vamos fazer o seguinte? Faz de conta que não estou aqui? Caso precise de mim por algum motivo, tentarei ajudar, e pode ter certeza que serei gentil e de verdade. A gente precisa das pessoas, eu também preciso. Agora, pare de tentar chamar minha atenção pelo motivo errado. Pare com essa carência. Pare com essa necessidade de se sentir notada(o), admirada(o) ou, quem sabe, invejada(o). Como assim eu não gosto de você? Não tem como detestar alguém que mora lá naquela casa amarela… O que fatalmente parecerá esnobe da minha parte. O que eu também nem ligo, e também não sei por que estou explicando… Mas, deixa eu viver minha vida sem precisar te notar? Deixa? Obrigada.

2 comentários

  1. Perfeito!! concordo com tudo!

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