Olha, não sou muito de me preocupar com os problemas do mundo, mas em minha defesa alego que não é insensibilidade. Não gosto (e nem me acostumei) a olhar pessoas dormindo na rua, pedindo esmolas ou contando qualquer história triste para que eu possa ajudar com, pelo menos, alguns centavos. Não gosto, porque não posso ajudar essas pessoas, não posso resolver suas vidas e não quero me sentir culpada por isso.
Às vezes dou esmolas, porque por algum motivo aquela pessoa me sensibilizou. Não fico pensando se está me enganando, que as mães usam seus filhos para conseguir dinheiro, ou pra gastar em cachaça e tudo mais. Não gosto de ser incomodada naquelas viagens de ônibus, com pessoas vendendo não sei o quê e contando uma história triste. Na verdade eu nem ouvi nada do que ela disse, mas percebo quando ela tá ali trabalhando com honestidade. Se é verdade ou não, não me importa. Aconteceu de ter me sensibilizado e pronto.
Dia desses estávamos eu e uns amigos, e chegou uma pessoa que se dizia aidética, vendendo umas canetinhas. Nem contou história triste, nem ficou se fazendo de coitada… parecia meio drogada, mas disse que se a gente pudesse ajudar, que seria uma grande ajuda. Naquele dia eu realmente não tinha nenhum trocadinho, mas tinha algumas moedas, e o que eu tinha eu dei. Não me achei nobre, nem fiquei tão sensibilizada assim, mas vai lá, que Deus te abençoe.
Um amigo ficou questionando, dizendo que não dá dinheiro, que esses aidéticos tem tudo de graça, que o governo paga tudo, que podem trabalhar, blá, blá, blá. Eu não discuto essas coisas. Ele até pode estar certo, mas sabe o que eu acho disso tudo? Sabe qual a diferença desse pessoal que pede esmolas, que vende canetinhas, que incomodam a viagem no ônibus… sabe qual a diferença deles pra gente? Só a posição social, porque TODO MUNDO nessa vida precisa de um favor. E é isso que essas pessoas fazem: te pedem um favor, o de ajudar. Sabe quando você usa frases como: “Pôxa, dá pra você quebrar um galhão pra mim?” ou “Caramba, tô precisando de um favorzão seu…”. Sabe?
Ainda bem que você tem família. Ainda bem que você tem amigos que podem te ajudar. Ainda bem que o favor que você precisa dos outros não é para sobreviver. Às vezes até é. Às vezes você até tem que contar uma história triste ou às vezes é algo que você precisa/quer muito ou você simplesmente quer muito sorrir naquele dia, não importa. A diferença está em quem está pedindo, e, principalmente, em quem está ouvindo.
Longe de mim querer salvar a humanidade. Não tenho dinheiro nem pra mim, moço. Mas, do meu jeito, também preciso das pessoas. Bom senso, solidariedade, sensibilidade, humanidade, piedade… Não importa o nome que você dá às suas ações ou a quem. Só não vale ser tão careta e covarde.
Einstein dizia que o mundo seria salvo se os homens de bem tivessem a ousadia dos canalhas…. Voltaire dizia que é melhor inocentar um culpado a culpar um inocente e, completava, dizendo que todos são culpados de um bem que poderia ter sido feito mas não o foi. Não são esses os paradigmas que direcionam nossas ações (de uma maneira ou de outra)? Enfim, somos bons, mas covardes, maus e corajosos, culpados e livres, inocentes e presos (mesmo que na prisão de nossa consciência). Ou seja, não somos perfeitos e nunca seremos. Seremos maus, bons, corajosos e covardes, mas, creio, que o resultado final é que nos caracterizará…. (fomos mais maus que bons? Mais covardes que corajosos?)…
Sensacional.
Cada um acaba desenvolvendo seu critério.
Mas eu gostaria muito que todo mundo estivesse disposto a fazer um favor por dia. Assim, simplesmente fazer pelo outro. Qualquer um. Exercício interessante.
Tô contigo, Dani.
Ajudo quando tenho vontade de ajudar, não ajudo quando acho picaretagem. E não me acho culpada pelas desigualdades sociais e por ter alguns luxos que muita gente não tem.
Não quer ajudar, não ajuda. Mas não enche meu saco, ‘careta e covarde’, ok?
beijo
eu nunca tinha olhado a coisa por esse angulo!!!
mto bom, loira!!
Falou e disse, Dani! ;)
Dani, você tem razão, todo mundo precisa de um favor de vez em quando.
Entretanto, o favor que fazemos para amigos, familiares, colegas de trabalho é algo sustentável e até certo ponto saudável, pois serve para estreitar relações.
Já a esmola pura e simples, ou comprar uma caneta, bala, ou qualquer outa coisa, para que serve? Para algo imediato, que não resolve o problema, ou seja, algo que é insustentável.
Acho que isso impede a pessoa de procurar uma ocupação, de se firmar, de tentar recomeçar.
Por isso, certamente sou careta, talvez até covarde, mas um covarde com princípios.
Vander, na verdade sei que esse é um tema delicadíssimo…
Não sinto pena de todo mundo, nem acho que todo mundo é coitadinho, nem acho que devemos sustentar “a classe”… Só acho que realmente há pessoas que precisam de um favor, e neste caso evito critérios, pq eu, por exemplo “sofro”, pq todo mundo acha q eu NÃO preciso de nada. As pessoas não acham que tô pedindo um favor…elas sempre acham que tô querendo ser mimada. E eu sempre tenho que ficar provando por A+B que aquele favor é importante. :(
O papo é meio assim “desculpa incomodar sua viagem, mas dá pra fazer esse favor pra mim, pq TÔ PRECISANDÔ!” ;-)